Pesquisas de intenção de voto divulgadas nesta segunda-feira
(24) mostram que o candidato centrista Emmanuel Macron derrotaria a candidata
de extrema-direita Marine Le Pen no segundo turno da eleição presidencial
francesa.
Uma delas, feita nesta segunda pela Opinionway, mostra
Macron com 61%, contra 38% de Le Pen. Outro levantamento, realizado entre a
noite do domingo e a manhã de segunda pela Ifop-Fiducial, projeta um resultado
de 60% a 40%.
Macron e Le Pen venceram o primeiro turno, realizado no
domingo (23). Ele obteve 24,01% dos votos e ela, 21,30%. François Fillon, dos
republicanos, foi o terceiro colocado, com 20,01%, e o socialista Jean-Luc
Mélenchon ficou com 19,58%.
Outras pesquisas realizadas no domingo à noite já apontavam
Macron como favorito no segundo turno. Em uma delas, ele aparecia com 62% dos
votos, contra 38% para Le Pen. Na outra, com 64% contra 36%.
Pela primeira vez em quase 60 anos, os dois grandes partidos
tradicionais da esquerda e da direita que dominam a política francesa, o
Socialista e o Republicano, ficaram de fora do segundo turno.
"Em um ano mudamos a face da política francesa",
declarou Macron aos simpatizantes, que comemoraram o resultado nas ruas de
Paris.
Le Pen também celebrou um "momento histórico", com
um recorde de 7,6 milhões de votos.
"Superamos a primeira etapa", disse a candidata da
extrema-direita, que repete 15 anos depois a façanha do pai.
O presidente da França, François Hollande, declarou voto em
Emmanuel Macron. Hollande pediu que todos os eleitores apoiem Macron, afirmando
que a extrema-direita, representada por Marine Le Pen, é um "risco"
para o país. O presidente disse que o papel da França no mundo está "em
jogo" no segundo turno da eleição.
Expectativa
O segundo turno, que será realizado no próximo dia 7 de
maio, permanece cercado de expectativa.
Isso porque o resultado pode levar ao enfraquecimento ou até
mesmo ao fim da União Europeia e da zona do euro. Macron defende a permanência
da França no bloco. Já Le Pen apoia o chamado Frexit -- a saída do país do
mercado comum.
O tema teve destaque na campanha em meio à discussão sobre o
Brexit, a saída do Reino Unido da UE. A crise migratória no continente também
levanta debates sobre a proteção das fronteiras. A França, juntamente com a
Alemanha, é um dos países fundadores da UE e chamada de "locomotiva"
da construção do bloco.
Nesta segunda-feira, Le Pen lançou um ataque direto contra
Macron, chamando o concorrente de "fraco" ante o terrorismo islâmico.
"Eu estou nas ruas para encontrar o povo francês para chamar sua atenção
para assuntos importantes, incluindo o terrorismo islâmico, para o qual no
mínimo podemos dizer que o sr. Macron é fraco", disse a repórteres.
"O sr. Macron não tem projeto para proteger o povo
francês em face aos perigos islâmicos", disse Le Pen, acrescentando que o
segundo turno contra Macron, em 7 de maio, será um referendo sobre a
"globalização descontrolada".
Campanha tumultuada
A campanha presidencial foi tumultuada desde o início,
quando as primárias partidárias tiveram resultados inesperados, afastando os
principais favoritos à presidência – o conservador ex-presidente Nicolas
Sarkozy e ex-primeiro-ministro Alain Juppé (do Republicanos) e Manuel Valls
(Partido Socialista).
A ascensão do movimento “En Marche!”, de Macron, e
escândalos de corrupção envolvendo Marine Le Pen e François Fillon também
contribuíram para tumultuar a campanha.
Reação do mercado
A Bolsa de Paris disparou nos primeiros minutos desta
segunda, com alta de 4,1%, informa a France Presse. As demais praças europeias
também operavam com resultado positivo, em uma demonstração de apoio dos
mercados a um candidato que é um fervoroso europeísta. As Bolsas asiáticas
também fecharam em alta e a cotação do euro registrava uma valorização.
"É o cenário perfeito com o qual os mercados sonhavam,
depois do Brexit e da vitória do protecionista Donald Trump nos Estados Unidos
em 2016", afirmou Sebastien Galy, analista do Deutsche Bank AG em Nova
York.
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