O número de imigrantes cubanos que
vão para os Estados Unidos em viagens perigosas por terra ou mar diminuiu
consideravelmente desde o fim de uma política preferencial norte-americana de
asilo que os beneficiava, revelaram dados obtidos pela Reuters.
A Guarda Costeira dos EUA disse
ter interceptado 49 cubanos no litoral da Flórida em fevereiro e março deste
ano -- foram 407 no mesmo período de 2016. Agora os dominicanos representam o
grosso dos imigrantes interceptados na costa da Flórida, que antes era de
cubanos.
Só 68 deles chegaram a portos de
entrada ao longo da fronteira entre EUA e México em fevereiro e março para
fazer alegações críveis de medo de voltar à terra natal, de acordo com a
agência de alfândega e proteção de fronteiras dos EUA.
No mesmo período do ano passado,
a cifra de cubanos que chegaram a estes portos foi de 11.892. Eles buscavam
ajuda conforme a política "pé molhado, pé seco", que permitia que
qualquer cubano que aportasse em solo norte-americano ficasse, mas repatriava aqueles
flagrados no mar.
"Essa redução é muito
significativa quando você leva em conta que, em 2016, a economia cubana
encolheu pela primeira vez em uma geração", disse Sarah Stephens,
diretora-executiva do Centro para a Democracia nas Américas.
Cuba disse que sua economia
recuou 0,9% no ano passado, ecoando a crise na aliada crucial e parceira
comercial Venezuela.
'Cortaram nossas asas'
Críticos do governo do líder
cubano, Raúl Castro, costumavam indicar o êxodo como uma prova de que os
cubanos preferem o capitalismo ao socialismo. Havana atribuía à política dos
EUA, que concedia residência automática a virtualmente todos os cubanos que
chegam ao solo norte-americano.
No dia 12 de janeiro, o governo
do ex-presidente dos EUA, Barack Obama, revogou o tratamento especial como
parte da normalização das relações em curso entre os ex-inimigos da Guerra
Fria.
Não se espera que o presidente
Donald Trump anule a medida, dada sua postura anti-imigração, e até mesmo
muitos republicanos cubano-norte-americanos o apoiaram com relutância, citando
abusos da generosidade de Washington.
"Eles fecharam a porta para
nós e cortaram nossas asas", disse Juan, eletricista de 27 anos que
planejava tentar a travessia pela quarta vez em uma balsa quando a alteração
ocorreu.
Os cubanos que já tentaram entrar
no vizinho do norte sem um visto dizem que isso não faz sentido agora, dado o
risco de deportação. Centenas delas foram mandados para casa nos últimos meses,
tanto dos EUA quanto de outros países que atravessavam em busca do sonho
americano.
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