sábado, 15 de outubro de 2011

DEU NO CONSULADO SOCIAL

Lauro de Freitas: sessão histórica na câmara reúne vítimas da ditadura

Em sessão histórica realizada ontem, (15), na Câmara de Vereadores, Lauro de Freitas reuniu ícones da luta contra a ditadura para discutir a anistia política que completa 32 anos. Exilados, torturados, ativistas, ex-prisioneiros políticos e familiares de desaparecidos lembraram os “anos de chumbo” com depoimentos emocionados divididos entre os sentimentos de tristeza e o contentamento pela conquista da democracia. “A anistia foi uma vitória do povo brasileiro, responsável pela volta dos que partiram ‘num rabo de foguete’. Recebemos Prestes, Brizola, Arraes, Betinho. Temos de lembrar este momento extraordinário para não entrarmos no pessimismo absoluto” – frisou o deputado federal Emiliano José. O debate, promovido pela Secretaria Municipal de Educação, foi filmado e será exibido em vídeo-aula para alunos de toda a rede municipal de ensino. Leia mais

O ex-governador da Bahia, Waldir Pires, contou a história do golpe militar de 1964, que vivenciou quando era Consultor Geral da República. Foi ele o responsável por escrever o último ofício do Governo Jango ao Congresso Nacional, para Darcy Ribeiro assinar na condição de Ministro Chefe da Casa Civil. “Com o golpe veio a ditadura e com ela o extraordinário cinismo, as torturas, a perseguição. A anistia foi a grande luta e participei dela fora da minha terra” – lembra Waldir. Teve destaque nas discussões a formação dos comitês estaduais e da Comissão Nacional da Verdade, já encaminhada ao Senado. A intenção é investigar o que houve nos bastidores, onde estão os corpos e punir os culpados.

Emocionada, a professora da UFBA Teresa Gonçalves lembrou seu irmão Jorge Leal seqüestrado pelos militares em 1970 e nunca mais encontrado. A família ainda luta para tentar enterrá-lo com dignidade. “Ele era um bom filho, um bom pai, um bom marido. Hoje a saudade e a esperança se misturam em nossas vidas. Minha mãe morreu sem poder sepultá-lo”. De acordo com a diretora do Grupo Tortura Nunca Mais (GTNM) da Bahia, Diva Santana, já foram contabilizados 32 mortos e desaparecidos no Estado, mas nenhum arquivo ainda foi aberto. “Que esta página seja virada, mas com verdade e memória” – defendeu.

A prefeita Moema Gramacho lembrou o Movimento Feminino pela Anistia, decisivo para conquista do perdão político no Brasil. “É sempre muito triste lembrar a ditadura, mas temos de ficar felizes porque graças a Deus, e a pessoas corajosas como estas aqui, conseguimos vencer este período. Se a democracia ainda não é plena ela caminha para isto”. Acompanhada pela platéia, a prefeita cantou a música O bêbedo e a Equilibrista (João Bosco e Aldir Blanc), inspirada no exílio, e finalizou enfatizando o último verso: “o show de todo artista tem que continuar”.

O evento cumpriu o papel de resgatar a história brasileira e seus personagens, segundo o secretário municipal de Educação Paulo Aquino. “A ditadura feriu a dignidade humana. Precisamos lembrar de todos os exilados, todos os torturados, todos os brasileiros que lutaram para garantir a liberdade de hoje. E que nunca mais na história deste país a gente viva momentos como aquele”. O professor da UFBA sociólogo Joviniano Neto parabenizou a realização. “Vim com a esperança e saio com a certeza de que os alunos da rede municipal irão saber o que aconteceu de verdade na história do nosso país”.

Waldir Pires, aplaudido de pé por todos os presentes ao final da sua fala, também elogiou a iniciativa do evento, presidida pelo vereador Carlucho. “Esta reunião é de um simbolismo muito grande. Aparentemente pequena, mas tão forte, tão rica de ensinamentos e propulsora do entusiasmo”. O evento foi aberto pelos violões de professores e alunos do projeto Educart (Educação, Arte, Cultura e Tecnologia), da Secretaria Municipal de Educação, que solaram Trenzinho Caipira (Vilas Lobos) e o “hino” contra a ditadura Pra não dizer que não falei das flores (Geraldo Vandré), cantado em coro por todos.

Estiveram presentes, entre outros, o vice-prefeito João Oliveira, a vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) seção BahiaSara Mercês, os ex-presos políticos Pery Falcón e José Carlos Zanetti, o membro da Comissão do Grupo Tortura Nunca Mais, Mônica Oliveira Lins, e o membro do Comitê Baiano pela Verdade Ivan Braga, também ex-preso político.

3 comentários:

  1. SD Prisco, presidente da ASPRA-BA(Associação dos Praças do Estado da Bahia.)15 de outubro de 2011 às 23:16

    Parabens Dr. Vldir Pires, Emiliano José pela aula revivendo a hestória de torturas em que viveram. Só lamentamos que na hestória atual da Anistia dada aos policiais baianos e de todo o Brasil, o governador de vocês, passou por cima de uma decisão do seu amigo e fiél escudeiro e maior cabo eleitoral. Estou falando nada mais nada menos do que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que em 2009 sancionou a Lêi 12.137 que anistiava todos os policiais do Brsil que participaram de lutas por melhorias de salários e dignidade. Depois de mais de dois anos de luta de vários policiais de todo país e contando com a ajuda de uma deputada aguerrida e que vale lembrar, não é do PT, a nossa queridíssima Luciana Genro do PSOL, autora do projeto que incluía a Bahia no projeto. É preciso que este governo reconheça a hestória de lutas que desempenhou os policiais baianos contra o tirano ACM e que de certa forma deu visibilidade a muitos pêtistas e principalmente ao PT, tendo como exemplo a atual prefeita desta cidade Moema Gramacho, Pelegrino e tantos outros. E hoje vemos com tristesa em ver o governador que tanto fizemos para elêger, dá as costas a seis policiais que ainda não foram contemplados com a lêi de anistia. Pelo contrário, esta fazendo de tudo para não acatar duas decisões da corte que por unanimidade, o Tribunal de Justiça determinou o meu retorno, SD Prisco, que teve que recorre pelo não cumprimento da Anistia. É um verdadeiro retrocesso na hestória de um partido que nasceu para defender os direitos dos trabalhadores brasileiros. Estamos indignados com essa decisão de um governo que se diz que estamos numa Bahia de todos e todas.

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  2. ditadura e persegução é o que o povo dessa cidade que não se cala com esse desgoverno vem sofrendo, deixe de história pois vcs fazem a mesma coisa hoje em dia só que de forma bem mais direta.

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  3. Waldir Pires, Professor Emiliano José, Pery Falcon, esses sabem que não se ganha luta política alguma com imposição, perseguição e manobras mirabolantes. Parabéns aos que sofreram e sofrem qualquer tipo de perseguição mas não perde sua dignidade.

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