O presidente americano, Donald
Trump, admitiu na quinta-feira (11) que perguntou ao ex-diretor do FBI James
Comey - a quem acaba de demitir - se havia uma investigação sobre ele por seus
vínculos com a Rússia, o que pode alimentar suspeitas de ingerência ou
intimidação.
"Eu perguntei a ele",
disse Trump em uma entrevista à NBC, na qual se refere a duas conversas
telefônicas.
"Eu perguntei: 'Se for
possível, pode me dizer se há uma investigação sobre mim?'. Ele respondeu que
não havia nenhuma investigação sobre mim", explicou o presidente,
referindo-se às investigações em andamento sobre vínculos entre pessoas
próximas a Trump e a Rússia durante a campanha eleitoral de 2016.
Donald Trump confessou que tinha
em mente a questão da Rússia quando tomou a decisão de destituir Comey.
"De fato, quando me decidi, disse a mim mesmo: 'Este assunto com a Rússia,
Trump e Rússia, é uma história inventada'".
Segundo o presidente, os dois
homens falaram sobre isso pela primeira vez durante um "jantar muito
agradável".
Comey "queria continuar
sendo o chefe do FBI e eu lhe disse que pensaria sobre isso", conta Trump.
"E naquele dia me disse que eu não era alvo de investigação, algo que eu
já sabia de qualquer maneira".
Pressões de Trump?
Do ponto de vista jurídico, estas
palavras poderiam sugerir pressão do presidente sobre o chefe do FBI.
Fazer tal pergunta "poderia
se assemelhar a uma tentativa de corrupção (...) ou pelo menos a uma obstrução
da justiça na qual Comey teve a idiotice de cair ao garantir" que Trump
não era alvo de investigação, explica o jurista Laurence Tribe.
De acordo com o New York Times,
Trump teria pedido a Comey uma promessa de lealdade em um jantar uma semana
depois de sua chegada à Casa Branca.
Segundo o jornal, que cita dois
sócios de Comey, ele se recusou a fazer esta promessa, mas garantiu a Trump que
era "honesto". O jornal não pode dizer se este jantar é o mesmo ao
qual o presidente se referiu.
A porta-voz da presidência, Sarah
Huckabee Sanders, citada pelo jornal, refuta, no entanto, esta versão e garante
que Trump "nunca sugeriu que esperava lealdade a sua pessoa, mas para
nosso país e seu grande povo".
O FBI investiga desde o último
verão as ingerências russas na campanha presidencial dos Estados Unidos de
2016, e sobre uma eventual coordenação entre membros da equipe de campanha de
Trump e a Rússia.
Na terça-feira passada, Trump
provocou um verdadeiro terremoto político ao demitir Comey alegando
insatisfação pela forma como conduziu uma investigação sobre os e-mails de
Hillary Clinton quando era secretária de Estado.
No entanto, Comey também era
responsável por uma das várias investigações abertas sobre as supostas
tentativas da Rússia de influenciar nas eleições presidenciais do ano passado.
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