O dono da JBS, Joesley Batista,
disse que transferiu para contas no exterior US$ 70 milhões destinados ao
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mais US$ 80 milhões em conta, também
no exterior, em benefício da ex-presidente Dilma Rousseff (veja a partir de 29
minutos e 30 segundos do vídeo acima).
Os montantes, afirmou, foram
enviados por meio do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e gastos "tudo
em campanha" (veja a partir de 30 minutos segundos e 30 segundos no vídeo
acima). Joesley falou que tanto Lula quanto Dilma tinham conhecimento dos
repasses.
A defesa do ex-presidente Lula
afirma "que as afirmações de Joesley Batista em relação a Lula não
decorrem de qualquer contato com o ex-presidente, mas sim de supostos diálogos
com terceiros, que sequer foram comprovados". Lula é inocente, ainda
segundo nota assinada pelos advogados Cristianio Zanin Martins e Roberto
Teixeira. A assessoria da ex-presidente Dilma negou irregularidades, e disse
que "são improcedentes e inverídicas as afirmações do empresário" (veja
nota no final do texto).
Joesley revela contas correntes
no exterior em nome de Lula e Dilma
A declaração foi dada por Joesley
em 3 de maio de 2017 na sede da Procuradoria Geral da República, em Brasília.
"Teve duas fases, a do presidente Lula e teve a fase da presidente
Dilma", disse. "Na fase do presidente Lula chegou a US$ 80 milhões de
dólares, na fase da presidente Dilma chegou a uns US$ 70 [milhões]. Ou ao
contrário: US$ 70 [milhões] na do Lula e US$ 80 [milhões] na da Dilma."
Joesley disse que inicialmente
não tinha se dado conta de que os valores eram destinados às campanhas
eleitorais de Lula e Dilma. Ele afirma ter percebido quando, ainda segundo ele,
Guido pediu a abertura de uma segunda conta, em nome do próprio empresário.
"Foi aí a primeira vez que eu desconfiei que o dinheiro não era dele
[Guido]" (veja a partir de 32 minutos e 15 segundos no vídeo acima).
"Quando terminou o governo
Lula, ele falou: agora tem que abrir outra conta. Essa conta é da conta do
Lula. Essa aqui.. tem que abrir uma para Dilma", disse. Fiz uma pergunta
pra eles sabem disso? Lula sabe disso, Dilma sabe ? Não, sabe sim, eu falo tudo
pra eles" (veja a partir de 33 minutos e 7 segundos). Ele disse levar
frequentemente o extrato das contas para o então ministro.
Em 2014, Joesley disse ter sido
chamado por Guido e orientado a doar, a partir das mesmas contas, dinheiro para
candidatos do PT e de outros partidos --citou PMDB e PC do B. "Quando eu
percebi que as doações estavam indo para valores estratosféricos, eu fui lá no
ministro e disse, por mais que a maior parte tenham sido oficiais, o número vai
ficar muito discrepante em relação ao segundo [maior doador]". O ministro
então lhe disse, ainda segundo Joesley: "Tem que fazer".
Encontros com Lula e Dilma
O empresário afirma ainda ter
falado com Lula a respeito (veja a partir de 46 minutos e 10 segundos).
"Eu conheci o presidente Lula em 2013. Preisdente Lula, não sei se o
senhor tem a ver com isso ou não tem. Nós estamos fazendo doação, nós somos o
maior doador, e as doações já passaram de R$ 300 milhões, hein? O senhor está
entendendo a exposição que vai virar isso?" Lula, segundo Joesley, nada
falou. "O presidente ficou olhando pra mim, não falou nem sim nem não... e
ficou um silêncio na sala." O encontro ocorreu em 2014.
Ele também afirma ter encontrado
a então presidente Dilma (veja a partir de 48 minutos e 40 segundos). "Com
a Dilma eu fui bem mais explícito com ela: contei meio que tudo. Senhora
presidenta, tem duas contas, tem uma que o Guido falou que era sua e outra que
era do Lula. Já acabou seu dinheiro e o do Lula." E procurador do
Ministério Público Federal então pergunta se sabia que o dinheiro tinha relação
com o BNDES, ao que Joesley responde: "Sabia perfeitamente" (veja a
partir de 50 minutos e 48 segundos).
"Não, é importante fazer,
tem que fazer", disse Dilma, de acordo com o relato do empresário.
"Daí eu saí com a certeza de que ela sabia de tudo [dos repasses às
campanhas] (veja a partir de 51 minutos e 20 segundos).
A JBS e os irmãos Joesley e
Wesley Batista fecharam delação premiada, homologada pelo Supremo Tribunal
Federal (STF). Veja aqui os principais pontos.
Veja as notas das defesas dos
ex-presidente Lula e Dilma:
Lula:
Verifica-se nos próprios trechos
vazados à imprensa que as afirmações de Joesley Batista em relação a Lula não
decorrem de qualquer contato com o ex-Presidente, mas sim de supostos diálogos
com terceiros, que sequer foram comprovados.
A verdade é que a vida de Lula e
de seus familiares foi - ilegalmente - devassada pela Operação Lava Jato. Todos
os sigilos - bancário, fiscal e contábil - foram levantados e nenhum valor
ilícito foi encontrado, evidenciando que Lula é inocente. Sua inocência também
foi confirmada pelo depoimento de mais de uma centena de testemunhas já ouvidas
- com o compromisso de dizer a verdade - que jamais confirmaram qualquer
acusação contra o ex-Presidente.
A referência ao nome de Lula
nesse cenário confirma denúncia já feita pela imprensa de que delações
premiadas somente são aceitas pelo Ministério Público se fizerem referência -
ainda que frivolamente - ao nome do ex-Presidente.
Cristiano Zanin Martins e Roberto
Teixeira
Dilma:
A propósito das notícias a
respeito das delações efetuadas pelo empresário Joesley Batista, a Assessoria
de Imprensa da presidenta eleita Dilma Rousseff esclarece que são improcedentes
e inverídicas as afirmações do empresário:
1. Dilma Rousseff jamais tratou
ou solicitou de qualquer empresário ou de terceiros doações, pagamentos e ou
financiamentos ilegais para as campanhas eleitorais, tanto em 2010 quanto em
2014, fosse para si ou quaisquer outros candidatos.
2. Dilma Rousseff jamais teve
contas no exterior. Nunca autorizou, em seu nome ou de terceiros, a abertura de
empresas em paraísos fiscais. Reitera que jamais autorizou quaisquer outras
pessoas a fazê-lo.
3. Mais uma vez, Dilma Rousseff
rejeita delações sem provas ou indícios. A verdade vira à tona.
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