domingo, 16 de abril de 2017

Emílio Odebrecht exagera ao falar de intimidade com Lula


"O governo do Lula e da Dilma foi de coalizão. Praticamente todos os grandes partidos estavam exercendo poder em alguma lugar do país [no período citado nas delações] Não se pode colocar qualquer responsabilidade unicamente sobre o PT
O líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini, admite que a revelação dos depoimentos dos executivos da empreiteira Odebrecht acentua a pressão sobre o partido e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Afirmando que parte da mídia faz um direcionamento sobre aquilo que se refere ao PT, ele afirma: "Cria um ambiente muito pior".
Ele diz ainda que o dono da empreiteira, Emílio Odebrecht, "exagera numa intimidade com Lula que talvez não exista".
Sem descartar a possibilidade de apoio a Ciro Gomes (PDT) na disputa presidencial de 2018, ele afirma que o partido não tem plano B.
Pergunta - Como a divulgação das delações dos donos da Odebrecht afeta a pressão sobre o PT e Lula?
Carlos Zarattini - Acentua. As pessoas acusadas na delação não têm conhecimento de seu inteiro teor. Foi um vazamento. As pessoas não têm condições de saber do que são acusadas [Zarattini é alvo de inquérito]. O direcionamento que parte da mídia faz sobre aquilo que se refere ao Lula e ao PT é muito forte. Logicamente, cria um ambiente muito pior para o Lula e o PT.
Mas há o argumento de que o PT governava o país no período citado nas investigações.
O governo do Lula e da Dilma foi de coalizão. O PMDB administrou um número muito grande ministérios, o PP, o PR"¦ E a oposição, o PSDB, governou os principais Estados. Praticamente todos os grandes partidos estavam exercendo poder em alguma lugar do país. Não se pode colocar qualquer responsabilidade unicamente sobre o PT.
Como essa delação impacta numa candidatura do Lula à Presidência?
Se você ouvir os áudios em que ele é citado com atenção, em sua totalidade, vai ver que continua não existindo provas contra ele.
Mesmo com os depoimentos de Emílio Odebrecht indicando uma relação pessoal com Lula?
Todo delator tem que seduzir o Ministério Público para o acordo ser aceito. É natural ter que carregar nas tintas. No caso, Emílio Odebrecht exagera numa intimidade com Lula que talvez não exista.
O que o sr. tem a dizer da inclusão de seu próprio nome na lista do Fachin?
A gente tem que entender o que é exatamente estão nos acusando. A citação nas delações muitas vezes parece que o interesse do delator está querendo se livrar de um problema. Preciso ter informação do que é a delação. Até agora não sei.
O sr. descarta a hipótese de Lula sair detido de seu depoimento no dia 3 de maio, em Curitiba?
Da Lava Jato, pode se esperar tudo. A operação trabalha em regime de exceção. Aliás, autorizado pelo TRF-4 e pelo STF. Atua trabalhando com a ideia de que delações são provas e muitas vezes até sem provas pessoas são presas. Como estão lá várias pessoas presas sem nenhuma prova concreta.
O programa de TV do PT foi todo centrado na imagem do Lula. O PT não está muito dependente dele?
O Lula é a maior liderança popular do Brasil. O PT tem que fazer a defesa do Lula e mostrar os resultados de seu governo.
O sr. acredita nas reais chances de vitória de Lula?
Evidentemente, as chances vão depender da recomposição de forças à esquerda.
E se, por alguma razão, ele for impedido de concorrer em 2018?
O PT tem todas as possibilidades de achar alternativas e tem o prestígio sempre de Lula.
As duas hipóteses que inviabilizariam a candidatura são sua prisão e a condenação em segunda instância. Não acredito que isso vá ocorrer.
O PT não tem plano B?
O PT não trabalha com o plano B porque temos a maior liderança do país. Vamos continuar trabalhando com essa perspectiva.
Mas já há no PT quem cogite o nome de Ciro Gomes (PDT) numa aliança com Fernando Haddad. Ou Haddad e Ciro. Essa hipótese está descartada?
Não descarto nenhuma possibilidade. Mas temos que trabalhar no sentido daquilo que é a melhor possibilidade. Não temos que procurar alternativas neste momento.

CATIA SEABRA - SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) 

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